Mais de três mil páginas de documentos foram anexadas à CPI da Covid-19 na Assembleia Legislativa, a fim de subsidiar a investigação sobre a compra de R$ 4,8 milhões em respiradores não entregues a governadora do Rio Grande do Norte. Toda a documentação é uma contribuição dos três deputados da Paraíba e Alagoas que também relataram os prejuízos causados aos seus estados pela participação no Consórcio Nordeste, que foi o responsável pela compra frustrada de R$ 48,7 milhões à empresa paulista Hempcare, que está sendo processada no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Qualquer deputado de outros estados do Nordeste que foram vítimas dessa situação do Consórcio Nordeste, a CPI está aberta, porque nos interessa receber informações de como isso foi operacionalizado nesses estados, para a partir daqui se tentar esclarecer e sanear o dano, no nossa caso do Rio Grande do Norte, mas pode dar elementos para que cada estado atenue esse prejuízo”, disse o presidente da CPI da Covid-19, deputado Kelps Lima (Solidariedade).
O deputado Davi Maia (DEM-AL) disse que “O Rio Grande do Norte teve sorte de ter embarcado somente em uma compra e ter perdido só os R$ 5 milhões. Alagoas perdeu ainda mais", porque mesmo tendo o governo alagoano suspendido uma segunda aquisição de respiradores, perdeu R$ 600 mil devido a oscilação do dólar na operação que tinha como garantidor um banco alemão.
Líder da oposição em Alagoas, Davi Maia defendeu o fim do Consórcio Nordeste e até à quebra de sigilos dos nove governadores, que “são cúmplices ou são vítimas do processo, mas ações que temos vistos é, justamente, a cumplicidade com tudo o que está acontecendo no Consórcio Nordeste”. O deputado Wallber Virgolino (PATRI-PB) disse há indícios de irregularidades, porque "´é impossível se passar essa quantia de dinheiro sem envolvimento culposo ou doloso de pessoas do primeiro escalão dos governos". Já o deputado Cabo Gilberto (PSL-PB) reclamou que o Consórcio Nordeste custa R$ 890 mil por ano para cada: “O que de bom foi feito pelo Consórcio Nordeste? Apontem uma coisa positiva que eu me calarei para sempre".
O relator dos trabalhos da CPI, deputado Francisco do PT, afirmou que “ninguém queria perder esse dinheiro. Agora, imaginem se o Governo não tivesse pago e a empresa, de fato, tivesse os respiradores e o estado não recebesse os equipamentos. Seria um caos. O momento era urgente, por isso a compra foi acelerada, mas infelizmente o estado foi lesado". Também participaram da 16º reunião da CPI os deputados Getúlio Rêmo (DEM), Coronel Azevedo (PSC) e do Subtenente Eliabe (Solidariedade).
A CPI recebeu e deferiu, na sessão de ontem, pedido da advogada de dois depoentes – Cristiana Prestes Tadeu e Luís Henrique , sócios na empresa Hempcare, investigada na compra de respiradores do Consórcio Nordeste, solicitando adiamento das oitivas agendadas para o dia 13 de outubro.
Tribuna do Norte