O preço do aluguel residencial em Natal ficou 12,57% mais caro nos últimos 12 meses. A variação, inclusive, ficou acima da inflação medida pelo IPCA, que registrou 5,53% em um ano. Em nível nacional, capitais como Salvador e Porto Alegre registraram índices de 30,46% e 24,22%, respectivamente, sendo os maiores registros em capitais no Brasil. As informações foram divulgadas pela Exame, com base no Índice FipeZap de Locação Residencial para abril de 2025.
Em comparação com outras 22 capitais pesquisadas, Natal ficou em 12º lugar. No Nordeste, por exemplo, Natal ficou na 6ª colocação no quesito aluguel residencial mais caro em 12 meses. Apenas São Luís (9,89%), Maceió (9,35%) e Aracaju (4,77%) tiveram variações menores em relação à capital potiguar. A variação média nas 22 capitais ficou em 12,77%.
Para o setor imobiliário potiguar, há várias explicações para o aumento médio no valor do aluguel. Um deles é o baixo estoque de casas para alugar na capital em virtude da falta de lançamentos dos últimos anos, situação que pode ser revertida com o advento das mudanças nas regras do Plano Diretor de Natal.
“Já vínhamos acompanhando esses números há alguns meses, vindo sempre nessa tendência, entre 11, 12%. O sentimento do mercado é esse mesmo, que é um pouco acima da inflação. Atribuímos isso à escassez de imóveis. Continuando nesse patamar, com poucos lançamentos apesar da revisão do Plano Diretor, a tendência é que haja uma valorização maior dos imóveis disponíveis para locação”, explica Renato Gomes Netto, presidente do Sindicato da Habitação do RN (Secovi-RN).
O representante do Secovi explica que há um estoque de casas e apartamentos com um ou dois quartos na capital, em que pese a maior procura seja por imóveis maiores e com mais cômodos, que consequentemente são mais caros. “Os que são de boa qualidade saem muito rápido. Quando você tem imóveis maiores, de três quartos, os preços sobem mais ainda. É uma tendência a nível nacional também baseada na alta da taxa de juros. Com essa alta, que impacta de maneira geral no mercado imobiliário, mais gente deixa de fazer a aquisição num primeiro momento com perspectiva que essa taxa baixe. O que acontece? mais procura por locação, mais o preço sobe”, cita.
Sobre o aumento de 12,57% registrado na capital, o diretorsecretário do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RN), Moisés Marinho, explica que há situações em que os donos de imóveis preferem não dar grandes aumentos para os inquilinos justamente para não ter dificuldades no recebimento dos valores.
“Muitas vezes o pessoal dá uma segurada. Até converso isso com o pessoal: se o cliente é bom, segure um pouco o reajuste, porque se você pega um lugar com aluguel bem mais alto, você termina com problemas, com inadimplência. No geral, na perspectiva, achávamos que esse valor fosse até acima aqui em Natal, mas ficou numa média que consideramos compatível com o que estávamos imaginando. Temos oferta boa na zona Sul, com Lagoa Nova tendo entrega de apartamentos. Está começando a aquecer em função do Plano Diretor, que deu aquela alavancada”, cita.
Já Ricardo Abreu, diretor da Abreu Imóveis, cita que o represamento de imóveis e a falta de locais de moradia em Natal gera um efeito contrário na capital, puxando os preços dos alugueis para cima. Ele aponta, por exemplo, que a média de preços de alugueis aumentou em 20% no último ano.
“Eu creio que o aumento nosso foi maior que esses números, uma vez que em Natal a procura por locação é absurda. Há poucos imóveis para locar. Essa lei da oferta e da procura tira um pouco da regra do valor dos alugueis. Para se ter ideia, aqui na Abreu 1.200 pessoas em média ligam por mês para alugar conosco. A procura só aumenta mês a mês. Isso é muito pela defasagem que passamos, por muitos anos, sem lançamentos imobiliários. Num ciclo de dois, três anos, os alugueis ainda vão ser fortes na cidade e vão continuar por muitos anos, porque esses prédios que estão sendo construídos pós-Plano Diretor não dão vazão à quantidade de pessoas que procuram para locar imóvel”, comenta.
Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Alex Régis