quinta-feira, 17 de julho de 2025

Aluguel em Natal tem 6ª maior alta entre as capitais do Nordeste

 


O preço do aluguel residencial em Natal subiu 11,09% em 12 meses no período encerrado em junho deste ano, um pouco acima da média nacional, que registrou alta de 11,02%, de acordo com dados do índice FipeZAP de Locação Residencial. Com o resultado, a cidade ocupa o 6º lugar no Nordeste e o 11º no País no ranking das 22 capitais analisadas. Quando se considera apenas o primeiro semestre deste ano, o aumento foi de 5,93% (também o 6º maior entre as capitais do Nordeste e o 16º entre as capitais brasileiras) e, novamente acima da média nacional, que foi de 5,66% para o recorte.


Fontes ouvidas pela reportagem atribuem o cenário especialmente à escassez de imóveis na capital potiguar. É o que aponta o economista Robespierre do Ó, que cita, ainda, as taxas de juros praticadas no mercado de financiamento imobiliário como reflexos da alta em todo o País. “Em 12 meses, o Índice Geral de Preços (IGP) acumulou em 4,39% e isso significa um aumento real no preço do aluguel. E, de forma simultânea, há uma falta de imóveis em Natal, enquanto os consumidores seguem procurando moradia para locação”, avalia o economista.
Ricardo Abreu, da Abreu Imóveis, disse que o quadro verificado pelo índice FipeZAP ainda reflete as restrições do antigo Plano Diretor, que gerou escassez de imóveis na capital. “Levou-se muito tempo sem construir em Natal, porque o antigo Plano Diretor afugentou empresas que poderiam ter investido por aqui. Então, o que existe hoje é a lei da oferta e da procura – esta última, por sinal, é grande. Na Abreu são cerca de 1,5 mil ligações por mês de clientes à procura de locação”, afirma.


Segundo Moisés Marinho, diretor-secretário do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do estado (Creci-RN), os consumidores têm reclamado dos preços mais altos, embora isso não tenha impactado negativamente no setor de locação residencial. Ele aponta que a negociação é o melhor caminho para conquistar o cliente. “A depender do perfil, é necessário ajustar valores e fazer acordos. Mas, em geral, não tem havido dificuldades na locação. A gente observa que, quando um imóvel é desocupado, não leva muito tempo até que ele seja alugado novamente”, descreve Marinho.


Ele afirma que é difícil tecer um panorama dos próximos meses, mas pontua que, se não houver grandes intercorrências, os preços tenderão a ficar estabilizados na capital. “A gente visualiza uma tendência de acomodação, mas é claro que algo pode acontecer no mercado e tudo mudar rapidamente”, disse.


Os dados do Índice FipeZAP apontam que, na análise mensal, junho passado apresentou retração no preço dos aluguéis residenciais em Natal, de -0,37%. Salvador (-0,82%), Aracaju (-0,76%), Vitória (-0,17%), Maceió (-0,12%) e Brasília (-0,09%) também apresentaram variação negativa em junho. Na capital potiguar o acumulado de 12 meses com encerramento em junho foi menor do que o acumulado em igual recorte encerrado no mês anterior (no período encerrado em maio de 2025, o aumento de preços dos aluguéis residenciais foi de 12,57% na cidade). Para o economista Robespierre do Ó, o cenário futuro vai depender de como o mercado vai se comportar.


“Se os novos empreendimentos em lançamento atenderem todas as faixas de renda, a tendência é de estabilidade nos preços dos aluguéis ou até de queda, embora eu não acredite que irá ocorrer qualquer redução, porque a taxa de juros no Brasil está proibitiva depois das medidas do Banco Central para frear o consumo”, diz. Já Ricardo Abreu avalia que mudanças mais visíveis só devem ocorrer em dois anos, quando parte dos imóveis que começaram a ser construídos após a entrada em vigor do atual Plano Diretor chegará ao mercado de locação.


“A partir da atualização do Plano, várias construções foram iniciadas, mas há um tempo até que esses imóveis comecem a girar. Desse modo, os aluguéis ainda devem continuar subindo pelos próximos dois anos”, sublinha. Para o levantamento de junho, o índice FipeZAP analisou 1.671 anúncios de locação em Natal com preço médio de R$ 39,06 o metro quadrado. Os bairros com os valores mais altos, em média, foram Ponta Negra (R$ 49,5/m²), Lagoa Nova (R$ 41,0/m²) e Petrópolis (R$ 40,4 /m²).


Em todo o País o aluguel residencial registrou um aumento de 0,51% em junho de 2025, sinal de desaceleração após altas de 1,15% em abril e de 0,59% em maio. O crescimento acumulado no primeiro semestre, no entanto, foi de 5,66%, superando a inflação, que registrou 2,99% no mesmo período. O acumulado dos 12 meses (11,02%) é, do mesmo modo, superior à inflação medida pelo IPCA, de 5,35% para esse recorte.

NÚMEROS

Alta acumulada em 12 meses no preços de aluguéis residencias por capital:

Salvador (+22,68%)
Belém (+19,85%)
Porto Alegre (+18,75%)
Fortaleza (+16,84%)
Cuiabá (+15,77%)
Manaus (+14,57%)
Belo Horizonte (+13,51%)
Recife (+13,29%)
Teresina (+13,15%)
João Pessoa (+12,12%)
Natal (+11,09%)
Campo Grande (+10,85%)
São Paulo (+10,81%)
São Luís (+10,27%)
Curitiba (+10,03%)
Maceió (+9,92%)
Rio de Janeiro (+9,66%)
Goiânia (+9,65%)
Vitória (+9,31%)
Florianópolis (+9,18%)
Aracaju (+0,28%)
Brasília (-1,54%

Fonte: Índice FipeZAP

Fonte: Tribuna do Norte

Foto: Alex Régis

Ceará Mirim