Uma comissão será formada para acompanhar o processo de poda e manejo do Cajueiro de Pirangi, que será feito pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) em cumprimento a uma determinação judicial de 2024. A referida decisão surgiu de um processo movido por moradores e comerciantes da região. A criação do grupo para acompanhar o serviço foi decidida durante duas audiências públicas que ocorreram na terça-feira (8) na Câmara Municipal de Parnamirim. Ainda não há uma data definida para o início da poda.
De acordo com o Idema, a comissão será formada com representações do próprio órgão ambiental, Procuradoria Geral do Estado (PGE-RN), Ministério Público do RN (MPRN), Prefeitura de Parnamirim, Câmara de Vereadores de Parnamirim, Associação de Moradores de Pirangi, Guias de Turismo e empresários da região e tem como objetivo “fiscalizar o cronograma, o tipo de poda e manejo fitossanitário do Cajueiro”. O prazo para realização do serviço é de 120 dias – até dezembro deste ano, segundo o Idema.
“A determinação judicial é de 2024, oriunda de um processo antigo movido por moradores e comerciantes da região, que apontaram riscos à mobilidade urbana e à segurança. A execução da sentença estipula um prazo de 120 dias para o cumprimento e visa justamente preservar o cajueiro, evitando, acidentes e danos provocados por galhos que avançam sobre vias públicas e edificações. Longe de representar ameaça à árvore, a poda é uma ação técnica preventiva, essencial para o cuidado e a conservação dessa espécie centenária”, explicou o Idema em nota.
Atualmente, o Cajueiro de Pirangi possui mais de 9.500m². É estimado que cerca de 1,2 mil metros da planta ultrapassam a área cercada, passando por plataformas que levam os galhos por cima das ruas e também perto de casas e comércios. “O manejo vai ocorrer naquilo que está excedente às vias”, disse o Idema ao apontar que os galhos tomam metade de uma avenida do entorno. Também segundo o Idema, essa é a primeira vez em 136 anos (idade aproximada da planta) que o Cajueiro de Pirangi recebe uma poda fitossanitária.
“Ao contrário dos procedimentos anteriores, limitados a cortes pontuais para contenção de pragas como cupins e brocas, a ação em curso realiza, pela primeira vez, uma poda sistematizada com o objetivo de garantir a saúde e a longevidade da planta”, explicou o órgão ambiental. O serviço será realizado pela Engemaia & CIA LTDA por meio de um contrato firmado para manejos de árvores, manutenção preventiva e emergencial, podas, trituração, remoção, adubação orgânica e transporte de resíduos.
Também está contemplado o fornecimento de materiais para a sede do Idema, localizada em Natal, para o Parque das Dunas e para o Cajueiro de Pirangi. A validade do contrato, cujo valor total é R$ 389,8 mil, é de 12 meses. As demandas do Instituto são atendidas pela empresa desde março deste ano. O Idema não especificou quanto desse valor de R$ 389,8 mil será aplicado no serviço do Cajueiro de Pirangi.
A reportagem também procurou a Prefeitura de Parnamirim, município onde está localizada a árvore. Em nota, o Município informou que foi excluído da determinação judicial, uma vez que “a administração do cajueiro é de responsabilidade e competência do Estado, por meio do Idema”. Ainda segundo a nota, o município de Parnamirim, “por meio da Secretaria de Meio Ambiente e do Desenvolvimento Urbano” irá acompanhar todo o processo da poda, exigindo relatório de execução para garantir que não haja nenhum prejuízo para o cajueiro, moradores, comerciantes e turistas”.
O Cajueiro de Pirangi recebe cerca de 300 mil visitantes por ano e é administrado pelo Idema. A árvore gigante entrou para o Guinness Book, o Livro dos Recordes, em 1994, como o Maior Cajueiro do Mundo. Com o avanço da planta para as vias próximas, a Associação de Moradores de Pirangi do Norte (Amopin) custeou a construção de um caramanchão, que foi concluído em 2012. A estrutura foi erguida em um trecho de 120 metros de extensão para dar melhor fluidez ao trânsito na Avenida Deputado Márcio Marinho, no sentido Pirangi-Natal, com hastes de 4,5 metros de altura para suspender os galhos da árvore e deixar a pista livre. A obra, inicialmente orçada em R$ 118 mil, custou R$ 160 mil.
Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Alex Régis