O líder da oposição no Senado Federal, senador Rogério Marinho (PL-RN) classifica como positivo o processo de negociação, que resultou na desobstrução da pauta de votação na Casa, a exemplo do que correu na Câmara dos Deputados, começando pela coleta mínima de 41 assinaturas de senadores para dar prosseguimento ao pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), “pelos crimes de responsabilidades praticados”
“Com a abertura do processo propriamente dito, com 41 assinaturas o ministro é afastado por seis meses. E aí há uma comissão processante que vai verificar se de fato ele cometeu esses crimes que são imputados a ele, que tem ampla defesa”, explica o líder oposicionista.
Para Rogério Marinho, o Senado entendeu, na sua maioria, que há necessidade da abertura desse processo: “Para nós é uma vitória, porque mostra que mesmo num Senado onde há maioria de adeptos do governo, prevaleceu o Brasil, prevaleceu o amor ao país e a necessidade de restabelecer equilíbrio entre os Poderes”.
Marinho disse esperar que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), “recepcionando o documento, verificando que a maioria dos seus pares tem essa intenção, avalie de que forma esse processo poderá ser aberto no futuro”.
Em relação ao processo de impeachment de Alexandre de Morais, senador acrescentou: ”É não estamos impondo a nenhum parlamentar a necessidade ou a responsabilidade de se votar a favor desse projeto. Mas não aceitamos que esse projeto não possa ser pautado e votado para que a população brasileira reconheça ou entenda qual a posição de cada parlamentar que representa o povo brasileiro”.
Para o senador, a casa não pode ser tutelada e nenhum debate pode ser interditado. “Estamos fazendo um gesto de restabelecimento da normalidade Estivemos com o presidente Davi Alcolumbre. Primeiramente ele teve uma reunião com os líderes do governo, depois teve uma reunião conosco. E nós fizemos um esforço hoje, junto aos nossos pares, estamos nesse momento nos retirando da mesa do Senado da República, para que os trabalhos possam fluir normalmente”, disse.
Marinho afirmou, ainda, esperar que “a partir de agora, nós possamos, de fato, representando o povo brasileiro, discutirmos e trabalharmos as pautas que interessam a todos, independente da questão ideológica, da questão da preferência de quem quer que seja”.
E justificou a obstrução da pauta no Congresso Nacional. “Esse parlamento é um organismo, estivemos durante os últimos dois dias com uma atitude extraordinária, fazendo praticamente a interdição, a ocupação das mesas de diretora das duas casas. Entendemos que foi um gesto excepcional, mas tivemos o respaldo muito forte da população brasileira e queremos agradecer a todos aqueles que nos apoiaram nesse momento e dizer que a vida continua e que vai vencer o Brasil no final.
Segundo Marinho, na Câmara dos Deputados, conseguiu-se também uma vitória importante, pois “há uma desobstrução das pautas e que a partir da próxima semana, pela vontade da maioria dos líderes que representam a maioria dos deputados naquela casa, terá prosseguimento votação de projetos que consideramos essenciais para restabelecer a normalidade democrática no país”.
O senador Rogério Marinho refere-se “tanto à questão do fim do foro parlamentar como a questão da anistia que vai permitir que o país possa se reconciliar sendo aprovado esse projeto”.
Marinho lembrou que o pedido de anistia para envolvidos no movimento de 8 de janeiro de 2022, que existe uma palavra de ordem contra a medida pela esquerda, que já se beneficicou dela. “E não foi por crime de opinião ou de depredação, foi por crime de morte, de assalto a banco, de violência física, de sequestro. Então nós temos hoje um processo de hipocrisia instalada no país. Então para nós, para podermos nos debruçar sobre os graves problemas que o Brasil tem, como por exemplo a necessidade da instalação da CPMI do INSS, onde mais de 7 milhões de idosos foram literalmente roubados por essa república sindical, e nós vamos apurar isso por ocasião da CPMI, ninguém está falando desse assunto”.
Marinho também declarou que “ninguém está falando, por exemplo, da questão dos Correios, que davam lucro no governo do presidente Bolsonaro e hoje estão praticamente destruídos. Ninguém está falando da questão dos fundos de pensão, ninguém está falando da questão fiscal do Brasil, que é grave. Então nós queremos a votação da anistia até para que nós possamos tratar de assuntos que interessam ao Brasil”.
Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado