O Banco Central (BC) deve lançar ainda no mês de setembro o Pix parcelado, uma nova modalidade que promete ampliar o acesso ao crédito. O recurso permitirá que usuários realizem compras parceladas utilizando o Pix, oferecendo uma alternativa para quem não possui cartão de crédito. O recebedor terá acesso imediato ao valor integral da compra, enquanto o pagador poderá dividir o pagamento em parcelas, com cobrança de juros.
Segundo William Figueiredo, economista da Fecomércio RN, o Pix parcelado tende a ter juros menores. O débito será feito diretamente na conta, na data de vencimento, o que deixa pouca margem para inadimplência. “O Pix parcelado tenderá a ser mais vantajoso que o parcelamento via cartão de crédito, que costuma parcelar com juros mais altos ou embutir no preço do produto o custo do parcelamento sem juros”, disse.
Por outro lado, o cartão de crédito oferece maior flexibilidade no pagamento, com possibilidade de atraso ou quitação do valor mínimo. “Além disso, [o cartão de crédito] costuma oferecer benefícios adicionais, como programas de pontos que podem ser trocados por milhas, produtos ou cashback. O consumidor precisará avaliar qual meio de pagamento melhor se encaixa ao seu perfil”, explicou Figueiredo.
Para o economista, uma das vantagens do Pix parcelado é que o consumidor poderá negociar descontos no momento da compra, já que o lojista receberá o valor integral da operação de forma imediata. “O consumidor poderá pedir desconto na hora da compra pagando via Pix parcelado, uma vez que o vendedor, nessa modalidade, receberá na hora o valor total da operação, sem custos de antecipação de crédito”, destacou Figueiredo.
Embora traga mais flexibilidade para o consumidor, o Pix parcelado funciona de maneira distinta do Pix tradicional. Ao contrário da versão comum, que não envolve custos para pessoas físicas, a nova ferramenta será uma operação de crédito, sujeita a encargos financeiros. “Na hora do pagamento, o consumidor poderá optar pelo Pix parcelado, sendo informado de imediato o valor das parcelas, datas de débito e os possíveis juros embutidos na operação”, explicou William Figueiredo.
De acordo com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a mudança vai favorecer especialmente quem não tem acesso ao cartão de crédito. “Sessenta milhões de pessoas que hoje não têm cartão de crédito vão poder ter acesso a uma série de serviços ou a uma série de facilidades, mas não só a facilidade daquele serviço que ela já tem acesso, mas a serviços que ela não tinha acesso por não ter uma modalidade de contratação desse jeito”, afirmou.
O Banco Central confirmou que ainda em setembro divulgará as regras para padronizar o Pix parcelado.
Outras mudanças no pix
Além do Pix parcelado, previsto para 2025, a partir de 2026 começa a ser utilizado o Pix em garantia, por meio do qual as empresas poderão utilizar valores a receber via Pix como forma de garantia em operações de crédito. A funcionalidade está sendo desenvolvida pelo Banco Central com o objetivo de facilitar o acesso ao crédito, especialmente para pequenos e médios empreendedores. De acordo com a instituição, essa nova funcionalidade será voltada exclusivamente para pessoas jurídicas.
Outra funcionalidade é a proteção dos usuários do Pix, que entra em vigor em outubro com a implantação de um novo sistema de autoatendimento para pedidos de devolução em casos de fraudes. A ferramenta passa a integrar o Mecanismo Especial de Devolução e permitirá que vítimas de golpes possam contestar transações diretamente pelo aplicativo do banco, de forma digital e sem precisar entrar em contato com o suporte da instituição financeira.
Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Anderson Régis