terça-feira, 2 de julho de 2019

Na Câmara, Sergio Moro nega mensagens mas reitera que conversa entre juízes e promotores é trivial


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, reafirmou hoje (2), que “são coisas absolutamente triviais no cenário jurídico” brasileiro conversas entre juízes, membros do Ministério Público e advogados. Moro é ouvido neste momento por três comissões da Câmara dos Deputados: Constituição e Justiça (CCJ); de Trabalho, Administração e Serviço Público; de Direitos Humanos e Minorias.

“Vamos esclarecer que, na tradição jurídica brasileira, é comum que juízes falem com procuradores, é comum que juízes falem com advogados”, afirmou. “Isso são coisas absolutamente triviais dentro do cenário jurídico”, acrescentou ao reiterar o que já havia falado no Senado, no mês passado.

O ministro disse que consultou alguns colegas estrangeiros, e também obteve afirmações de pessoas estrangeiras, que também não vislumbraram qualquer maior ilicitude no conteúdo que foi divulgado pelo site de notícias The Intercept Brasil.

Mesmo tentando minimizar o impacto do conteúdo, o ministro reiterou que não reconhece o conteúdo das mensagens veiculadas pela imprensa e que elas podem ter sido adulteradas. Para ele, até o momento, as conversas atribuídas a ele “são um balão vazio cheio de nada”.  

O ex-juiz ainda disse que entregou seu aparelho celular à perícia da Polícia Federal que ele atualmente comanda enquanto ministro da Justiça) e afirmou ter sido alvo de uma “organização criminosa criada para prejudicar a Operação Lava Jato”.

“Não reconheço essas mensagens. Pode ser que alguma seja. Pode ser que elas tenham sido totalmente alteradas ou parcialmente. Não tenho como precisar”, afirmou o ministro.

Moro foi convidado pelas comissões para apresentar sua versão sobre as supostas conversas que teria mantido com integrantes da força-tarefa quando ainda era juiz da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, onde são julgados os processos da Lava Jato que tramitam no Paraná.

Durante os esclarecimentos na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), nesta terça-feira (2/7), para defender sua aproximação com a acusação e distância da defesa no caso que envolveu o julgamento do ex-presidente Lula, Moro alegou que advogado de Lula era agressivo.
De acordo com ex-juizo, ele não se aproximou mais do advogado do ex-presidente Lula por conta do “comportamento beligerante” do defensor.
De acordo com o ministro, Cristiano Zanin, que defende Lula, tinha um comportamento agressivo durante as audiências e Moro destacou que chegou a dar conselhos ao advogado durante uma audiência. 

“Adotava postura ofensiva, beirando as ofensas em praticamente todas as audiências. Em uma audiência quis contraditar um acusado. Falei com ele que era medida destinada a testemunha. Ele recusou. Isso é quebra de imparcialidade?”, disse.