sábado, 13 de dezembro de 2025

Déficits gêmeos: o que isso tem a ver com a sua vida?

Postado em 15 de setembro de 2025
Geral

_Desequilíbrio nas contas públicas e externas pressiona o bolso do brasileiro e limita investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Especialistas alertam para risco de mais aperto nos próximos anos_

A pouco mais de um ano das eleições de 2026, o Brasil vive um cenário preocupante na economia: o país está enredado nos chamados “déficits gêmeos” — uma combinação de desequilíbrio nas contas internas (fiscais) e nas contas externas (com outros países). Embora o nome pareça técnico, as consequências são bem reais para quem enfrenta juros altos, inflação persistente, menos empregos e serviços públicos com qualidade cada vez mais baixa.



 O que são os déficits gêmeos?


O termo “déficits gêmeos” se refere a dois grandes rombos:

Déficit nominal: quando o governo gasta mais do que arrecada, incluindo os juros da dívida.

Déficit em conta corrente: quando o Brasil envia mais dinheiro para fora do que recebe, somando comércio exterior, serviços e rendas.

Atualmente, os gastos com juros do setor público se aproximam de R\$ 1 trilhão por ano, levando o déficit nominal a mais de 8% do PIB, uma das piores marcas do mundo. Ao mesmo tempo, o déficit externo chegou a 3,5% do PIB. Essa dupla deterioração gera efeitos diretos no dia a dia dos brasileiros.


Como isso afeta a sua vida?

Juros nas alturas: crédito cada vez mais caro


Para tentar controlar a inflação, o Banco Central mantém a taxa Selic em 15% ao ano — uma das mais altas do mundo. Isso torna:


* Financiamentos de carros e imóveis mais caros;

* Cartões de crédito e empréstimos pessoais praticamente impagáveis;

* O consumo das famílias menor, o que impacta o comércio e o emprego.


> “Os juros são o sintoma mais grave do paciente”, afirma Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central.



Menos dinheiro para serviços públicos

Com quase todo o dinheiro público indo para pagamento de dívidas e juros, sobra menos para áreas essenciais:


* Hospitais e postos de saúde sofrem com falta de estrutura e pessoal;

* Escolas públicas enfrentam cortes;

* Obras de infraestrutura são paralisadas ou nem saem do papel.


> “A dívida está crescendo rápido porque o governo gasta mal”, afirma Marcus Pestana, diretor da Instituição Fiscal Independente.



 Inflação persistente: o peso no supermercado


Mesmo com juros altos, a inflação continua elevada porque a economia está superaquecida. E quem mais sente são os mais pobres:


* Alimentos básicos continuam subindo;

* Gás, energia e combustíveis também ficam mais caros;

* O salário perde valor e o poder de compra diminui.



 Dólar pressionado e produtos mais caros


Com mais dólares saindo do que entrando no país, o real perde força:


* Importados, como eletrônicos e carros, sobem de preço;

* Combustíveis e insumos industriais encarecem, impactando também os produtos nacionais;

* Investidores ficam inseguros, o que pode travar novos investimentos no país.



 Mais dívida hoje, menos espaço amanhã


A dívida pública já passou de 77% do PIB, e o ritmo de crescimento preocupa os economistas. Se nada for feito, o futuro pode trazer:


* Aumento de impostos;

* Cortes em programas sociais;

* Novo ciclo de recessão e desemprego.


> “A questão fiscal é o calcanhar de Aquiles da economia brasileira”, alerta Livio Ribeiro, economista da consultoria BRCG.



 E agora? O que esperar para 2026 e além?


Embora haja previsão de alívio nos juros e na atividade econômica nos próximos trimestres, especialistas são unânimes: o problema estrutural veio para ficar. A grande incógnita é como o governo vai agir em ano eleitoral — se conterá os gastos ou aumentará ainda mais a dívida para tentar turbinar a economia.

> “O risco é Lula voltar a pisar no acelerador dos gastos em 2026”, resume o economista Samuel Pessôa.



O que o cidadão pode fazer?


Embora o cenário macroeconômico pareça fora do controle do cidadão comum, algumas atitudes ajudam a se proteger:


* Evitar novas dívidas com juros altos;

* Criar uma reserva de emergência, se possível;

* Acompanhar o debate fiscal e cobrar responsabilidade dos gestores públicos.

Conclusão

Os déficits gêmeos são um sintoma de que o Brasil está vivendo além de suas possibilidades — gastando muito internamente e perdendo competitividade externamente. Para o cidadão comum, isso se traduz em juros altos, inflação resistente, serviços públicos precários e um futuro mais incerto. Entender esse cenário é o primeiro passo para cobrar soluções e se proteger dos efeitos no dia a dia.